Opep

Acordo da Opep ainda enfrenta obstáculos

Dow Jones Newswire, 07/12/2016
07/12/2016 10:46
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Os preços do petróleo subiram para os maiores níveis em mais de um ano, após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) ter fechado um acordo na semana passada para conter a produção da commodity. Entretanto, os analistas preveem uma série de obstáculos à frente que podem manter o mercado volátil.

A Opep concordou em cortar sua produção em 1,2 milhão de barris por dia, ou mais de 1% da produção global, e afirmou que outros produtores de petróleo também vão se juntar aos esforços. Se implementado, o corte irá diminuir o excesso de oferta na indústria e impulsionará os preços, que alguns analistas acreditam que possam ultrapassar dos US$ 60,00 por barril.

O sucesso do acordo da Opep, entretanto, dependerá de diversos fatores, incluindo a participação de países não-membros e a questão do histórico de quebra do pacto mesmo dentro do próprio cartel.

Menos de duas semanas após o acordo, em Viena, os membro da Opep retornarão à capital austríaca neste sábado, dessa vez para se encontrar com fornecedores de fora do grupo. O cartel quer que os não-membros do grupo cortem sua produção combinada em 600 mil barris por dia e autoridades da Opep afirmaram que, sem a participação dos não-membros, o próprio acordo seria fortemente prejudicado.

Alguns analistas, entretanto, estão céticos se países como a Rússia irão limitar sua produção, mesmo que Moscou tenha prometido reduzi-la "gradualmente" em 300 mil barris por dia no próximo ano.

A Rússia já afirmou no passado que se juntaria aos cortes de produção da Opep, apenas para voltar atrás depois. Realizar o corte também pode apresentar desafios técnicos. O Renaissance Capital, banco de investimento russo, disse que devido a produção do país ser, em grande parte, composta de muitos poços bombeando quantidades relativamente pequenas de petróleo, a redução na produção em 300 mil barris por dia necessitaria do fechamento de mais de 4 mil poços. O custo dessa medida seria maior do que qualquer benefício em potencial do aumento dos preços do barril de petróleo, de acordo com o banco.

Além disso, o retorno da produção de membros da Opep da África, que sofreram com interrupções no fornecimento, pode fazer com que o acordo do cartel fique difícil de cumprir, segundo analistas.

A Líbia e a Nigéria foram dispensadas do acordo da Opep, pois meses de atividades de grupos militantes nos países acabaram interrompendo sua produção de petróleo. Agora que a situação política está se estabilizando, a produção está lentamente retornando. De acordo com o Commerzbank, os dois membros, juntamente com a Angola, foram os principais responsáveis pelo aumento da produção geral de petróleo da Opep no último mês.

A Líbia pretende quase dobrar sua produção nos próximos meses, para 900 mil barris por dia. Embora essa seja uma pequena parte da produção geral da Opep, de mais de 33 milhões de barris por dia, significa que outros membros do cartel terão de cortar mais sua produção para chegar à meta do acordo.

Se chegar a um acordo para cortar a produção era o primeiro passo, aderir ao próprio plano pode ser o principal desafio para a Opep, avaliam analistas. A maioria dos membros do cartel tem um histórico de ultrapassar suas metas individuais, portanto, cumprir com o acordo é fundamental, de acordo com analistas.

Após fechar o plano na última semana, a organização divulgou que um comitê composto pela Argélia, Venezuela e Kuwait irão monitorar o cumprimento do acordo, apesar de não ter sido especificado como a falta de cumprimento será definida, impedida ou punida.

"Trair as cotas é simplesmente muito atraente no ambiente atual de restrições orçamentárias", disse Norbert Rücker, chefe de pesquisas em commodities da Julius Baer.

Alguns analistas, portanto, afirmam que o grupo possa ultrapassar a meta de 32,5 milhões de barris por dia, que inicia em janeiro. Bjarne Schieldrop, analista de commodities da SEB Markets, estima a produção da Opep em cerca de 33 milhões de barris por dia no primeiro semestre de 2017, visto que "não cumprir os acordos é um hábito natural entre os membros da Opep", disse.

Os investidores terão uma primeira noção de como os produtores irão agir em relação ao acordo no começo de fevereiro, quando os primeiros dados sobre a produção de petróleo em 2017 serão divulgados.

Alguns analistas afirmaram que o acordo da Opep é um "presente" para os produtores de petróleo dos Estados Unidos, que podem acelerar a perfuração rapidamente, à medida que os preços subirem. Os produtores de xisto dos EUA aumentaram sua eficiência nos últimos anos, diminuindo o preço de produção para menos de US$ 40 por barril. O número de plataformas de perfuração de petróleo nos EUA tem aumentado desde julho.

Com o petróleo agora acima de US$ 50,00 o barril, "o acordo da Opep é uma salvação para o petróleo de xisto dos EUA", disseram analistas do BNP Paribas. "O reequilíbrio do mercado de petróleo enfrenta um obstáculo, visto que o tão esperado recuo da produção de petróleo de xisto era uma parte importante do processo."

Além disso, as empresas de petróleo e gás dos EUA perfuraram centenas de poços, cerca de 5 mil, que ainda precisam ser usados, criando uma reserva pronta que pode aparecer no mercado assim que os preços da commodity se recuperarem.

"Dado o alto nível de poços desse tipo, a produção dos EUA deve ser capaz de responder muito rápido ao aumento dos preços do petróleo", disse Warren Patterson, estrategista de commodities do ING Bank.

 

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